domingo, maio 22, 2005

Pede meu RG

"No período da iniciação, o iaô, além de fazer jus a uma pequena coleção com os inhãs[4] dos orixás que participam de sua configuração espiritual, recebe algumas contas específicas que o identificam como tal; são elas o mocam[5], o quelê[6] e os deloguns[7]; nesta ocasião os fios irão “comer”[8] junto com o “santo”, isto é, configurar-se-ão como verdadeiros campos de força.

[4] Fios de uma só “perna”, isto é, o colar simples de uma só fiada de miçangas cuja medida deve ir até a altura do umbigo.

[5] Cordão de palha da costa trançada cujos fechos são duas “vassourinhas” de palha; este cordão se constitui um símbolo do iaô e é, geralmente, preservado por toda vida. A palha da costa é utilizada ainda na confecção de quatro outras tranças que serão amarradas nos braços, recebendo aí o nome de icam, na cintura (a umbigueira) e no tornozelo, onde será acrescida de um guiso (o chaorô), cuja função é sinalizar o lugar onde se encontra o iaô através do barulhinho que produz.

[6] Gargantilha confeccionada com 8 fiadas de miçangas, entremeadas de firmas, todas na cor do orixá que está sendo “feito”. O quelê simboliza a indissociação entre o orixá e o iniciado.

[7] Colares feitos de 16 fiadas de miçangas com um único fecho cuja medida, como os inhãs, vai até a altura do umbigo. Cada iaô deve possuir, via de regra, um delogum de seu orixá principal e outro do orixá que o acompanha em segundo plano. No candomblé essa associação nada tem a ver com o “pai e mãe” da umbanda. Nada impede que um iaô seja filho de dois “santos” homens ou duas “santas” mulheres.

[8] Serão banhados pelo sangue sacrificial."

Guilherme Lemos é mestre em filosofia e assistente técnico do Departamento Cultural da UERJ.

IBÁ RE Ô, EGBON MI

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